Estados Unidos querem China em novo acordo nuclear
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido na sigla em inglês como IFN (Intermediate-Range Nuclear Forces), expirou no dia 1.° de fevereiro de 2019. O tratado foi ratificado pelos Estados Unidos e pela União Soviética em 1988, e visava a eliminação de mísseis balísticos (nucleares ou não), de curto, médio ou alcance intermediário, em um raio determinado pelo tratado. A Rússia, reconhecida pelo Direito Internacional como sucessora da ex-URSS, herdou seus tratados, a não ser que os denunciem. Em agosto de 2019 o tratado foi oficialmente encerrado, na época nenhum dos lados demonstrou interesse na criação de um novo acordo, ambos os países eram grandes críticos do tratado.
Atualmente, há um tratado que regula os arsenais nucleares de ambos os países, o Tratado Estratégico de Redução de Armas, na sigla em inglês START (Strategic Arms Reduction Treaty), ele regula o uso de armas nucleares de longo alcance destes países. O governo do então presidente Barack Obama, assinou uma nova versão do tratado, apelidada de “New START”, a nova versão do acordo tem prazo para expirar em 2021 e, já é motivo de preocupação global.
O governo do atual presidente Donald Trump, demonstrou interesse em um novo acordo START, porém, segundo ele, o acordo não poderia sair do papel sem assinatura da China. O presidente Russo Vladimir Putin, também deseja que o país chinês seja incluído no acordo, para ele, não faz sentido um acordo nuclear onde a China não esteja incluída. Muitos analistas internacionais veem esta tentativa com muito desânimo, para eles, a China dificilmente entraria no acordo, já que, eles não têm interesse na regulação do seu armamento nuclear. Outro fato que preocupa os analistas, é que não há consenso dentro do governo estadunidense quanto a criação de um novo tratado. Há uma parcela que acredita que é uma oportunidade para os Estados Unidos desenvolverem ainda mais seu arsenal nuclear e, muitos analistas ainda creem que a própria tentativa do governo Trump em tentar envolver a China, pode ser uma forma de rasgar o tratado, já que, eles têm em mente a dificuldade da China em aceitar o acordo e limitar sua capacidade nuclear. O encerramento do IFN e do provável fim do START, gera uma grande dúvida internacional quanto à segurança nuclear do século XXI. Os Estados Unidos e a Rússia sempre foram criticos dos acordos nucleares, ambos os lados sempre acusaram um ao outro de não cumprir o acordo. Logo após do fim do IFN, ambos os países voltaram a financiar pesquisa e desenvolvimento de artefatos militares que poderiam carregar ogivas nucleares. Os Estados Unidos se defendem afirmando que tem o interesse em negociar um novo tratado, e que as acusações de incluir a China apenas com o interesse de rasgar o acordo, são infundadas. Muitos defensores da política externa “trumpista” dizem que incluir a China no acordo é essencial, já que, a China é a grande rival estadunidense no século XXI. Por enquanto tudo segue indefinido, e a crise do novo coronavírus trouxe ainda mais incerteza em relação à criação do novo tratado.
Luiz Leandro Garcia
Pós graduando em Direito Internacional pela Faculdade CEDIN.
Fontes:https://foreignpolicy.com/2020/04/29/trump-china-new-start-nuclear-arms-pact-expiration/
https://exame.abril.com.br/mundo/nova-corrida-armamentista-russia-e-eua-deixam-tratado-nuclear/