Copa do Mundo Feminina e seus impactos sociais
O futebol feminino se tornou mais popular recentemente. As transmissões da Copa do Mundo Feminina estão chegando a mais telespectadores e inspirando as novas gerações de meninas a apostarem no esporte como uma profissão.
Entretanto, para que esse momento chegasse, a seleção canarinho passou por muitos desafios tanto para praticar a modalidade, como também para disputar os títulos.
No artigo de hoje, contamos mais sobre a história da Copa do Mundo Feminina, sobre a participação das brasileiras e quais são os desafios que ainda precisam ser superados dentro e fora dos gramados.
História da Copa do Mundo Feminina
A primeira Copa do Mundo Feminina organizada pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA) no final do ano de 1991, na China. Apenas doze países participaram do torneio, com os Estados Unidos vencendo a final contra a Noruega por dois a um.
Nos anos seguintes, o número de delegações aumentou consideravelmente. Em 1999, seleções de 16 países disputaram a taça e em 2015 o número subiu para 24. Por fim, a edição de 2023 contou com 32 seleções participantes e duas sedes – Austrália e Nova Zelândia – algo inédito.
Outro número que aumentou durante os anos foi o da premiação geral das participantes. Em 2019, a Copa do Mundo Feminina na França, distribuiu cerca de 30 milhões de dólares para as seleções, o dobro em comparação às edições anteriores. O novo valor aumentou em mais de dois milhões de dólares o prêmio para o primeiro lugar.
Público da Copa do Mundo Feminina
A cada ano, o futebol feminino ganha mais espaço na grade de transmissões televisivas. Em 1999, 90 mil pessoas acompanharam a vitória dos Estados Unidos sobre a China. Porém, em 2019, apenas no Brasil, 30 milhões de telespectadores assistiram a derrota das brasileiras para as francesas.
Os franceses também bateram recordes de audiência em 2019. A rede TF1 registrou cerca de 11 milhões de telespectadores sintonizados no jogo de abertura contra a Coreia do Sul. Já na Itália, o confronto entre a Azzurra e a seleção canarinho rendeu 7,3 milhões de telespectadores.
O Brasil na Copa do Mundo Feminina
A seleção brasileira é uma das participantes assíduas do torneio. Desde 1999, participou de todas as edições da Copa do Mundo Feminina e chegou bem perto de levar a taça algumas vezes. Em 1999, no ano de estreia, o Brasil ficou com o terceiro lugar. Já em 2007, perdeu na final para a Alemanha, por dois a zero.
Os desafios da Seleção Brasileira
O contexto do futebol feminino no Brasil é permeado pelo preconceito. Em 1941, o então presidente Getúlio Vargas proibiu a modalidade feminina de alguns esportes, incluindo o futebol, porque eram “incompatíveis com as condições de sua natureza”. Por mais de 40 anos o futebol permaneceu uma atividade masculina, até que em 1983 a prática foi descriminalizada.
De volta aos gramados, as mulheres precisaram superar desafios culturais e financeiros para jogar. Por exemplo, em 1999, a seleção não tinha uniformes próprios para disputar a Copa do Mundo Feminina. A solução encontrada foi usar os uniformes que sobraram do time masculino.
Atualmente, a seleção já possui os próprios uniformes, entretanto ainda enfrenta alguns desafios.
1. Equidade salarial
Quando o assunto é camisa dez, apenas Lionel Messi possui mais bolas de ouro do que Marta. Vencedora em seis edições da premiação, ela é um fenômeno do futebol no Brasil e é reconhecidamente uma das jogadoras mais importantes para a história da modalidade esportiva.
Entretanto, dados de 2018 mostram que, enquanto Marta recebia 340 mil euros por temporada – aproximadamente R$ 1,7 milhões – Neymar recebeu 91,5 milhões de euros na mesma temporada. Ou seja, Marta recebeu menos de 1% dos ganhos do Neymar jogando como atacante, assim como ele.
Salários na Seleção Brasileira
Mas também temos boas notícias! A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou que, a partir de 2020, homens e mulheres receberão o mesmo prêmio em dinheiro pela convocação.
Em outras palavras, todos receberão o mesmo valor em diárias de treino e para jogar pelo Brasil nos campeonatos. Outra novidade é que ambos receberão os mesmos valores em bônus premiações em Olimpíadas.
2. Patrocínios
Ainda falando da Marta, a artilheira expressou sua opinião sobre a falta de patrocínio de grandes marcas no futebol feminino.
Em 2018, a seleção foi eliminada das Olimpíadas pelo Canadá em uma disputa nos pênaltis, Marta deixou bem clara a necessidade de mais investimento no futebol feminino em uma entrevista: “O peso de quem não trouxe a medalha não é das jogadoras, é de quem não investe no futebol feminino brasileiro”.
Outro protesto da jogadora é o uso de uma chuteira sem a logo de nenhuma marca de artigos esportivos. No lugar, ela inseriu a logo da campanha Go Equal, que demanda pagamentos mais justos para as mulheres nos esportes.
3. Machismo
“Futebol é esporte para homens”. Esse comentário é um dos mais ouvidos por jogadoras que escolhem o esporte como meio de vida.
Em contraste com a Copa do Mundo Masculina, que já possui edições desde o ano de 1930, as mulheres apenas começaram a disputar torneios internacionais. Os argumentos de disparidade biológica, ou performance de gênero, foram os mais utilizados para barrar as mulheres de pisarem em campo.
Como mencionado anteriormente, o governo brasileiro proibiu as mulheres de jogarem porque sua natureza não seria compatível com o esporte. Mas podemos ver como as jogadoras ainda eram consideradas mais “fracas” que os homens em outros exemplos.
Em 1991, as partidas da primeira Copa do Mundo Feminina duravam cerca de 80 minutos. A justificativa era justamente biológica. Segundo a organização, as jogadoras não suportavam o desgaste físico de uma partida convencional. Contudo, depois de protestos em 1995, os jogos passaram a ter a duração de 90 minutos.
MBA em Negócios no Esporte e Direito Desportivo do CEDIN
O futebol feminino ganhou reforços dentro e fora de campo. A modalidade, e consequentemente o negócio estruturado pelos times e campeonatos, se tornou mais lucrativa.
O portal Terra, em uma matéria de abril de 2023 demonstrou que “em comparação a Janeiro de 2022, as transferências internacionais cresceram 30,2% em janeiro deste ano. Ao todo foram 341 operações, que movimentaram mais de 730 mil dólares (aproximadamente R$ 3,6 milhões).”
E você, que deseja trabalhar neste mercado, precisa estar preparado para lidar com as novidades que o futebol feminino tem alavancado. Por isso, o MBA em Negócios no Esporte e Direito Desportivo do CEDIN é indispensável na sua formação acadêmica.
Além de aprender sobre a evolução da legislação brasileira do esporte, o curso vai auxiliar profissionais que buscam ingressar nesse mercado através das relações entre atletas e clubes.
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